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  • carolrodes

“Dupla-tarefa” e o que as funções cognitivas têm a ver com a Fisioterapia e o Pilates?


Faz parte do processo natural de envelhecimento que ocorram alterações em diversos sistemas corporais, e que estas gerem uma tendência à perda de algumas capacidades. A importância de um envelhecimento ativo, tema cada vez mais recorrente, é justamente porque ele estimula a manutenção da funcionalidade, das capacidades corporais e um envelhecimento mais saudável de forma geral.

Entre as capacidades e funções mais conhecidas que a Fisioterapia e o Pilates costumam abordar e que costumam ser afetadas pelo processo de envelhecimento estão a força, a mobilidade articular, o condicionamento cardiorrespiratório e o equilíbrio.

Mas um dos grandes e mais populares medos é a perda das capacidades cognitivas e de memória, por conta de diminuir não só a independência, mas também a autonomia nas atividades do dia-a-dia.

Assim como treinamos o músculo, também precisamos treinar o “tico e o teco”! E o que a Fisioterapia e o Pilates têm a ver com isso? É possível incluir o estímulo desses aspectos cognitivos no nosso atendimento?

Podemos treinar raciocínio, concentração, atenção e memória dentro das sessões de Pilates e de Fisioterapia. Lembrar e memorizar o exercício, atenção nas instruções e comandos, atenção e coordenação da respiração com o movimento, realizar o movimento ao mesmo tempo em que se concentra na contagem das repetições e séries, ou ainda adicionando mais o “desafio” de manter uma conversa com o fisioterapeuta.

Treino em Dupla-tarefa

Realizamos um treino no que chamamos de dupla-tarefa sempre que o sistema tiver que dividir sua atenção em duas tarefas diferentes que devem ser mantidas e coordenadas simultaneamente.

Assim, um exercício pode ser associado com “treino em dupla tarefa cognitiva”, quando há um esforço cognitivo associado. Pode ser uma tarefa cognitiva específica, mas também pode ser contar uma história, exercitar a memória, contar o número de repetições, ou simplesmente conversar. (Achava que os instrutores puxavam conversa durante o exercício à toa??)

Pode também ser feito um exercício com “dupla-tarefa motora”, isto é, realizar duas tarefas motoras simultaneamente. Coordenar e sequenciar dois ou mais movimentos, a organização corporal que isso exige e dividir a atenção e concentração para não deixar um movimento ser feito “pela metade”, são alguns dos desafios. No Pilates esses são bem comuns, como associar movimento de tronco com um de braço, ou cada perna realizar uma tarefa diferente, ou mesmo manter uma determinada posição e uma contração muscular enquanto realiza outro movimento com braços ou pernas por exemplo.

Esse tipo de treino, além de ser muito eficiente no estímulo combinado desses aspectos cognitivos, ainda contribui para uma melhor automatização e integração dos treinos motores também. Por exemplo, entre treinar o equilíbrio isoladamente ou treinar o equilíbrio associando a uma dupla-tarefa (motora ou cognitiva), a melhora do equilíbrio vai ser muito mais incorporada no dia-a-dia na segunda situação. Isso também acontece porque no nosso cotidiano dificilmente estamos realizando apenas uma coisa: atravessamos a rua olhando para os carros e o semáforo, pegamos pacotes nas prateleiras de mercado pensando no resto da lista de compras, andamos enquanto conversamos ou pensamos nas pendências a serem resolvidas, corremos desviando de obstáculos (postes, buracos, pessoas), esportes com bola exigem estratégia ao mesmo tempo que grande domínio da bola nos movimentos, e por aí vai! O Pilates e a Fisioterapia, através desses treinos em dupla-tarefa e outros recursos, portanto, podem treinar alguns aspectos da cognição. Entre eles, atenção e concentração, memória, organização e coordenação de tarefas, associação, auto-percepção e coordenação corporal, percepção espacial, planejamento de movimentos ou tarefas (função executiva) e até a linguagem.

Além disso, a oxigenação e circulação de sangue promovidas pela atividade física contribuem para o aumento do nível de consciência e nos deixa mais alertas e dispostos; e isso também previne o declínio cognitivo a longo prazo! Não é por acaso que hoje em dia a atividade física é considerada essencial para o estímulo e manutenção das funções cognitivas, e vice-versa.

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